segunda-feira, 28 de março de 2011

BARBOSA e JAIR ROSA PINTO - 90 ANOS

Nesse mês de março, Jair Rosa Pinto (21/03) e Barbosa (27/03), completariam 90 anos. Dois grandes nomes do Expresso da Vitória! Dois grandes nomes da história do futebol brasileiro!

Os resumos de suas trajetórias no futebol já foram registrados aqui no blog "Os Gigantes da Colina". Mas homenageá-los, nunca é demais! Por isso, essa breve postagem, apenas para marcar datas tão especiais!


Jair, o grande camisa 10. Um craque que não errava passes. Famoso pelo chute potente mesmo tendo um corpo franzino. Teve uma carreira longa e com muitas conquistas!


Jair Rosa Pinto

Barbosa, o eterno número um! Seguro, elástico, simplesmente o melhor! Inesquecível!!! O goleiro da memorável conquista do Sul-Americano em 1948.

Barbosa

Em tempo!

1) O blog "Mais Memória" está divulgando a realização do “Tributo a Jair Rosa Pinto – 90 anos” no dia 08/04, às 19h, na Associação Atlética Tijuca (na Rua Barão de Mesquita, 149). Palestra com Luiz Mendes (Rádio Globo), apresentação de DVD, fotos etc. Mais informações no blog (blog.maismemoria.net).

2) No livro “Os dez mais do Vasco da Gama”, Claudio Nogueira e Rodrigo Taves nos presenteiam com um ótimo capítulo dedicado ao Barbosa, um símbolo da história do Vasco. Vale a pena conferir!

sexta-feira, 25 de março de 2011

JAIR ROSA PINTO

Jair Rosa Pinto
Nascimento: 21/03/1921, Quatis (distrito de Barra Mansa-RJ)
Falecimento: 27/07/2005, Rio de Janeiro-RJ
Período: 1943 a 1946
Posição: Meia/Atacante
Títulos: Carioca Invicto (1945)




        " JAJÁ DE BARRA MANSA "











Foto da Gazeta Press



“...Jair usava a canhota para dribles curtos, passes precisos e tirambaços mortais. Quem via suas canelas finas não acreditava na potência do seu chute, que ficou célebre. Ninguém cobrava uma falta com tamanha habilidade, sendo atribuída a ele a invenção do chute de curva...” (Mauro Prais)



“Jajá de Barra Mansa. Príncipe Jajá. Um dos maiores lançadores de nosso futebol. Um dos melhores chutadores dos campos. Um dos maiores armadores do Brasil. Um dos tantos craques canhotos. Um dos maiores ídolos de Ademir da Guia. Jogou o fino da bola com as mais finas canelas conhecidas. (Os dez mais do Palmeiras, Mauro Beting)








“Ele era o craque de Barra Mansa e trabalhava no Frigorífico, enquanto seu irmão, Orlando, era o titular da ponta esquerda Vasco da Gama. E bastava isso para Jair não sair de São Januário. Gostava de ficar ao lado daqueles ídolos e sonhar em jogar ao lado deles, algum dia. O problema é que Jair tinha 15 anos e pesava 50 quilos” (Revista Placar – Álbum dos Saudosistas, reproduzido no site Museu dos Esportes)



“... Aprendeu a jogar demais e doar gols desde menino em Quatis, no Vale do Paraíba fluminense, onde nasceu, em 21 de março de 1921. À época, era um distrito de Barra Mansa. Com 16 anos, depois de não achar um lugar em São Januário por excesso de contingente, já estava no Madureira, fazendo um trio excelente com Lelé e Isaías: os Três Patetas. Lá ficou até 1943, quando foi comprado pelo Vasco.” (Os dez mais do Palmeiras, Mauro Beting)


Lelé, Isaías e Jair ("Os três patetas") no Madureira
(foto publicada no site da CBF)

“...Jair integrou o Expresso da Vitória até 1946, conquistando os títulos do Relâmpago de 1944 e 1946, além dos Municipais de 1944, 1945 e 1946, e do Carioca invicto de 1945. Jogou também no Flamengo de 1947 a 1949 e no Palmeiras de 1950 a 1955, onde conquistou o título paulista de 1950 e a Copa Rio de 1951. Atuou ainda no Santos junto com Pelé. Na Vila Belmiro ganhou três vezes o Paulista, em 1956, 1958 e 1960; e o Rio-São Paulo de 1959. Em 1961 foi para o São Paulo, onde permaneceu por duas temporadas, antes de ir para a Ponte Preta e pendurar as chuteiras em 1964, perto de completar 43 anos. Pela Seleção Brasileira, foi campeão e artilheiro do Sul-Americano de 1949, além de vice mundial em 1950. Teve uma das mais longas e brilhantes carreiras do futebol brasileiro. Tinha 1,70m e era um armador brilhante, dono de um potente chute de canhota, apesar das pernas finas e do corpo franzino. O Jajá de Barra Mansa raramente errava um passe. Foi um dos maiores craques da história do futebol brasileiro e figurinha carimbada da Era Expresso da Vitória.” (“Um Expresso Chamado Vitória”, Alexandre Mesquita e Jefferson Almeida)


Lelé, Isaías e Jair
(Revista Esporte Ilustrado)


Ademir, Lelé, Isaías, Jair e Chico - um quinteto fantástico!
Vasco da Gama - Campeão INVICTO em 1945

Em março de 2004, o NETVASCO noticiava a ida do Jair Rosa Pinto, então com 82 anos, ao programa “Casaca no Rádio”, na Rádio Bandeirantes, onde contou um pouco de sua vida e sua carreira.

Alguns trechos da entrevista:

 wO início
"O que pouca gente sabe é que eu comecei no próprio Vasco, no Infantil. Mas o técnico da época, um ex-jogador do Vasco chamado Kuko, argentino, disse que tinha gente demais e me mandou embora. Eu então voltei para Barra Mansa, pois ainda estava estudando", revela Jair.

wDo Madureira para o Vasco
"Ondino Viera era técnico do Fluminense e acertou comigo numa tarde. À noite, ele foi contratado pelo Vasco, então me ligou e disse que eu não iria mais para o Fluminense e, sim, para o Vasco", conta Jair. E completa: "Ondino Viera mandava em tudo. Foi ele que arrumou o Vasco. Hoje, nem o Eurico mandaria nele"

wA transferência para o Flamengo
"Eu e o Ademir ganhávamos 20 mil e os outros ganhavam 40 mil. Isso não era certo!"

w Da Gávea para o Palmeiras (após a goleada Vasco 5x2 Flamengo)
"O que aconteceu foi que o Major Póvoas (dirigente do Vasco na época) descobriu onde ficava a concentração do Flamengo em Jacarepaguá e almoçou comigo. Como naquele dia ninguém jogou nada, o Ary Barroso (compositor e locutor, ferrenho torcedor rubro-negro) inventou essa história"

- neste jogo Jair foi acusado de "estar na gaveta" (ter sido subornado), o que nega veementemente. Dizem que sua camisa chegou a ser queimada no vestiário. Assim, Jair foi para o Palmeiras.
(trechos publicados no NETVASCO em 01 de março de 2004 – “notícias”)




Números no Vasco:
Jogos: 71 (44 vitórias, 18 empates, 9 derrotas)
Gols: 27

Primeiro jogo: 14/02/1943 - Palmeiras 1x1 Vasco - Amistoso
Último jogo: 09/11/1946 - São Cristovão 1x1 Vasco - Campeonato Carioca

Conquistas pelo Vasco:
Torneio Início (1944)
Torneio Relâmpago (1944)
Torneio Municipal (1944)
Torneio Municipal (1945)
Campeonato Carioca (Invicto) (1945)
Torneio Municipal (1946)





Jair na Seleção


Números na Seleção Brasileira:
Jogos: 41 (39 oficiais)
Gols: 24 (22 em jogos oficiais)

Títulos pela Seleção Brasileira:
Copa Rocca (1945)
Copa Rio Branco (1947, 1950)
Campeonato Sul-Americano (1949)

Obs: Vice-campeão do mundo em 1950 - 5 jogos e 1 gol na Copa
Artilheiro do Sul-Americano 1949 com 9 gols - recorde até hoje








GALERIA DO JAJÁ

Campeão Invicto do Torneio Relâmpago de 1944
Em pé: Alfredo, Zago, Yustrich, Rafanelli, Eli e Argemiro.
Agachados: Djalma, Lelé, Isaías, Jair e Chico.



Campeão Carioca Invicto em 1945
Em pé: Dino, Eli, Berascochea, Augusto, Rodrigues, Rafanelli e Ondino Vieira (técnico);
Agachados: Mário Américo (massagista), Santo Cristo, Ademir, Isaías, Jair e Chico.


Zizinho, Ademir Menezes e Jair Rosa Pinto na Seleção Brasileira

Norival, Ary, Domingos da Guia, Ivan, Ruy, Jayme de Almeida e Hermógenes (massagista)
Agachados: Lima, Zizinho, Heleno de Freitas, Jair Rosa Pinto e Ademir Menezes
(BRASIL 3x0 BOLÍVIA, SUL-AMERICANO/1946)


Seleção Brasileira - 1950
Em pé: Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer e Bigode;
Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir, Jair,  Chico e Mário Américo (massagista)


Combinado Vasco-Santos (1957)
Jair Rosa Pinto, então jogador do Santos, volta a vestir a camisa do Vasco
Em pé: Vágner, Paulinho de Almeida, Ivan, Bellini, Urubatão e Brauer;
Agachados: Ledo, Pelé, Álvaro, Jair e Pepe.


Jair Rosa Pinto

Tijucano de coração, a paixão de Jair Rosa Pinto pelos gramados só perdia para o carinho aos passarinhos, que dividia com os amigos da Praça Saens Peña. Seja em um bate-papo no banquinho ou num cumprimento nas esquinas do bairro, Jair sempre será recordado por sua simpatia, elegância e irreverência. (Blog Mais Memória)


Se eu fosse montar uma “seleção brasileira de todos os tempos”, nela estariam, no ataque, Garrincha, Zizinho, Pelé, Jair Rosa Pinto e Rodrigues” (Ademir da Guia, “Divino – A Vida e a Arte de Ademir da Guia”)







Fontes
- Livro "UM EXPRESSO CHAMADO VITÓRIA" (Alexandre Mesquita e Jefferson Almeida)
- Livro "Os dez mais do Palmeiras" (Mauro Beting)
- NETVASCO (http://www.netvasco.com.br/)
- Museu dos Esportes (http://www.museudosesportes.com.br/)
- Site do Mauro Prais (www.netvasco.com.br/mauroprais)
- Livro "Seleção Brasileira 1914 - 2006" (Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf)
- Blog Mais Memória (http://blog.maismemoria.net/)

sábado, 19 de março de 2011

OS DEZ MAIS

Esperei ansiosamente a publicação do livro... o lançamento está previsto para dia 28 de março, mas fiz a compra pela internet e acabo de receber o meu exemplar. Que maravilha! Sinto-me como criança diante do brinquedo tão desejado!...




Ainda não li o livro por inteiro. Fui rapidamente passando os olhos, lendo pequenos trechos, sem saber exatamente por onde começar a leitura... Barbosa?! Dinamite?! Ademir?! Juninho?!... Eternos Gigantes!... Resolvi saborear a apresentação do livro, a tradicional “orelha do livro” e a reproduzo abaixo, como um convite aos amigos vascaínos para que adquiram seus exemplares.



Os autores

---------ORELHA DO LIVRO ---------
Um dos livros mais aguardados da Coleção Ídolos Imortais, Os dez mais do Vasco da Gama traduz, com excelência, toda a força e o vigor do vitorioso futebol brasileiro. Conhecer melhor a história vascaína, através de seus grandes craques, é uma forma de exaltar o que de melhor foi produzido nos gramados do país.

No estádio de São Januário – sua construção foi uma resposta aos que, na época, ainda duvidavam da vocação de grandeza do clube -, ao longo de muitas décadas, desfilaram jogadores emblemáticos, ídolos incontestáveis não só dos torcedores cruzmaltinos, mas de todos aqueles que admiram o futebol no seu estado mais puro.

Neste livro, escrito a quatro mãos pelos experientes jornalistas Claudio Nogueira e Rodrigo Taves, o leitor poderá viajar no tempo. Reviverá as defesas seguras e acrobáticas do inigualável Barbosa; a postura sóbria e elegante do mestre Danilo Alvim; as intervenções impecáveis do raçudo Bellini e do clássico Orlando Peçanha, talvez a melhor dupla de zagueiros da história do futebol brasileiro; os gols dos implacáveis Ademir, Vavá, Roberto Dinamite, Edmundo e Romário, artilheiros que estão, sem dúvida, entre os maiores de todos os tempos; e os toques precisos e hábeis de Juninho Pernambucano.

É uma seleção de ídolos para ninguém botar defeito. Atletas que vestiram e dignificaram a camisa vascaína. Atletas que ajudaram a fazer do futebol uma verdadeira arte. Atletas que não podem ser esquecidos, sobretudo pelos que vibraram pelo Clube da Colina.

Nas páginas, o torcedor vascaíno poderá, acima de tudo, entender a sua própria paixão, redescobrir a essência do time que escolheu para guardar em seu coração. Para as antigas gerações, é a melhor oportunidade para relembrar dias inesquecíveis de glórias, e, para as novas, é a chance de conhecer melhor a trajetória dos jogadores que mais contribuíram para o fortalecimento de um verdadeiro gigante do nosso futebol. (texto de apresentação do livro)




A eleição

Como de costume nos livros da Coleção Ídolos Imortais, a escolha dos “dez mais” é uma responsabilidade compartilhada por jornalistas convidados, além dos autores, para tornar a seleção mais democrática.

A eleição dos dez jornalistas ficou assim:

Claudio Nogueira – Ademir Menezes, Barbosa, Bellini, Danilo, Edmundo, Juninho Pernambucano, Mauro Galvão, Mazinho, Roberto Dinamite e Romário.

Daniel Pereira - Ademir Menezes, Carlos Germano, Edmundo, Friaça, Juninho Pernambucano, Alcir, Roberto Dinamite, Romário, Sabará e Vavá.

Fábio Tubino – Ademir Menezes, Geovani, Barbosa, Bellini, Edmundo, Juninho Pernambucano, Orlando Peçanha, Roberto Dinamite, Romário e Vavá.

Hugo Lago – Ademir Menezes, Augusto, Bellini, Carlos Germano, Danilo, Juninho Pernambucano, Mazinho, Roberto Dinamite, Romário e Vavá.

João Ernesto Ferreira – Paschoal, Russinho, Fausto, Barbosa, Ademir Menezes, Danilo, Bellini, Roberto Dinamite, Romário e Edmundo.

Lédio Carmona - Ademir Menezes, Andrada, Barbosa, Chico, Danilo, Edmundo, Juninho Pernambucano, Roberto Dinamite, Romário e Vavá.

Rafael Marques – Ademir Menezes, Barbosa, Danilo, Dirceu, Edmundo, Juninho Pernambucano, Orlando Peçanha, Roberto Dinamite, Romário e Vavá.

Rodrigo Campos - Ademir Menezes, Barbosa, Bellini, Edmundo, Ipojucan, Juninho Pernambucano, Mauro Galvão, Roberto Dinamite, Romário e Vavá.

Rodrigo Taves – Ademir Menezes, Barbosa, Danilo, Bellini, Orlando Peçanha, Vavá, Juninho Pernambucano, Roberto Dinamite, Edmundo e Romário.

Tárik de Souza - Ademir Menezes, Almir Pernambuquinho, Barbosa, Bellini, Danilo, Edmundo, Juninho Pernambucano, Roberto Dinamite, Romário e Vavá.

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Os eleitos: BARBOSA - ADEMIR - DANILO - BELLINI - ORLANDO - VAVÁ - ROBERTO - ROMÁRIO - EDMUNDO - JUNINHO
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Bom... chega de escrever por hoje... agora eu vou ler o meu livro!!! Quero me deliciar com os feitos dos nossos craques e com as várias fotos históricas (sem falar das caricaturas...)!







Ah, obrigado ao Roberto Sander pela idealização da ótima Coleção Ídolos Imortais!
Obrigado ao Rodrigo Taves e ao Claudio Nogueira pela obra que produziram a quatro mãos!


quinta-feira, 17 de março de 2011

Domingos Elias Alves Pedra
Nascimento: 16/4/1948, Paraíba do Sul-RJ
Período: 1970 a 1974 e 1975 a 1977
Posição: Atacante
Títulos: Taça Guanabara (1976)





"O ARANHA"









 “Catimbeiro, malandro, irreverente. Mas ele sabia como poucos os atalhos do gol. Embora jamais tenha jogado pela Seleção, foi um dos mais perigosos atacantes da década de 70. Além do Vasco, jogou no Olaria, Bangu, América, Bonsucesso, Botafogo, além de passar pelo futebol árabe e português.” (Grandes Perfis de Placar - Vasco).


1970 - Tim (Elba de Pádua Lima) orienta o jovem Dé

O seu apelido vem das iniciais do seu nome, Domingos Elias...
Foi um dos primeiros atacantes que eu, ainda menino, vi se destacar com a camisa do Vasco. O Dé me chamava a atenção pelo gols e também pela farta cabeleira que usava em 1976... sem falar do seu jeito irreverente, bem-humorado, sempre contando histórias engraçadas. Figuraça!


O blog do Mais Memória o apresenta assim:

“Um dos atacantes mais perigosos do país na década de setenta. Rápido, habilidoso e muito técnico. A fama de malandro, de certa forma, não condiz com o grande atacante que representou em seu tempo.

As entrevistas polêmicas e as cavadas de pênaltis e faltas não são representativas do atacante que durante toda a década de setenta marcou uma época no futebol carioca. A figura do malandro se confundiu com a do grande atacante. No Vasco um falso ponta-esquerda – para atuar com DINAMITE -, porém um definidor astuto, rápido e decisivo.” (blog.maismemoria.net)


O jovem Dé chegou ao Vasco em 1970, após se destacar no Bangu. Em 1974 foi para Portugal defender o Sporting e, em pouco tempo, retornava para vestir a camisa cruzmaltina nos anos de 1975 e 1976.


O ex-goleiro vascaíno Valdir Appel, no seu livro “Na Boca do Gol”, dedica um capítulo ao Aranha. O perfil divertido do Dé fica evidente no ótimo texto do Valdir e o reproduzo na íntegra:

                                   Dé, o Aranha (Na Boca do Gol, página 90 )

Dé no Bangu (final dos anos 60)

O atacante Dé, do Bangu, foi a melhor contratação do Vasco da Gama logo após a conquista do título carioca de 1970. O franzino e rápido artilheiro trouxe para o clube, além do seu grande futebol, a sua irreverência, bom humor e alegria, acompanhados de histórias interessantes protagonizadas por ele no clube suburbano carioca, do bicheiro Castor de Andrade.


Talvez, a história do gelo tenha marcado mais do que as outras. Jogando contra o Flamengo, teve um lampejo de gênio e sorte ao arremessar uma pedrinha de gelo em direção à bola, que estava mais para Reyes, desviando a sua trajetória e enganando o zagueiro, que iria interceptá-la. O drible de gelo, como ficou conhecido, fez o atacante sair na cara do goleiro, a quem driblou antes de empurrar a gorduchinha para as redes.


Contra o Vasco, aproveitou uma confusão formada na área vascaína, durante a cobrança de um escanteio, pra jogar grama no rosto do goleiro Andrada, tentando tirar sua atenção. O que conseguiu foi uma imediata reação do goleiro, que partiu pra cima do atacante em fuga. Dé desceu os degraus do túnel do Maracanã, puxando as grades que isolam o acesso aos vestiários, enjaulando-se por dentro, evitando ser alcançado e apanhar do guapo argentino.
Dé - foto publicada no livro
"Vasco - A Cruz do Bacalhau"

Era um exímio cavador de pênaltis, e aterrorizava os árbitros, induzindo-os freqüentemente ao erro. Já no Vasco, jogando contra o seu ex-clube, em General Severiano, estádio do Botafogo (uma partida desinteressante, o estádio às moscas), protagonizou outro momento hilário e inesquecível. Perdíamos o jogo por 1 a 0 e jogávamos mal. Na segunda etapa, as expulsões de Moisés e René aumentaram ainda mais as nossas dificuldades, e o segundo e o terceiro gols surgiram naturalmente. Até o centroavante Silva já estava na zaga, tentando ajudar a evitar um escore acachapante.
A revolta contra a arbitragem era grande, e Dé não se conteve com a marcação de outro gol que lhe pareceu irregular e partiu pra cima do árbitro, que imediatamente lhe mostrou o cartão vermelho.
“Toma pra você!”, disse o juiz Nivaldo dos Santos, erguendo o cartão vermelho para o atacante. Dé arrancou o cartão das mãos do árbitro e tentou rasgá-lo, mas não conseguiu o intento porque o papelão vermelho estava plastificado.
Dé correu em direção aos vestiários, com o juiz no seu encalço, tentando reaver o cartão.
“Você me deu o cartão, agora é meu!”, gritava Dé.
A partida já estava 4 a 0 pro Bangu, quando o treinador Paulinho de Almeida ordenou aos seus jogadores que ficassem tocando bola na intermediária, fazendo o tempo passar. Evitou assim um vexame maior ao debilitado Vasco, e principalmente pra mim, que já estava com dores nas costas de tanto me agachar para buscar a bola no fundo das redes.
Fairplay é isso! " (Valdir Appel – livro “Na Boca do Gol”)


Vasco no início dos anos 70
Em pé: Joel, Renê, Benetti, Élcio, Eberval e Fidélis;
Agachados: Pai Santana, Luiz Carlos, Silva, Ademir, Dé e Gilson Nunes


A Revista Placar reproduziu na edição especial “Grandes Perfis de Placar - Vasco” (ed. 1240, setembro de 2002) uma matéria com o Dé que originalmente foi publicada em 1974, quando o atacante retornou da Europa. Abaixo, alguns trechos mostrando a preocupação dos adversários com o futebol do Dé:

" - Malandro. Joga pelo dois lados, tem explosão e é um dos nossos atacantes mais difíceis de se marcar. Contra zagueiro otário, ele rala e rola.

A opinião do zagueiro Jaime está mais de acordo com o futebol jogado por Dé na sua volta ao Vasco. E a história das grandes vitórias do Vasco prova isso. Na virada contra o Flamengo, Dé explorava o lado direito; contra o América, o lado esquerdo, aproveitando os avanços de Orlando; contra o Fluminense, o miolo, deitando e rolando na lentidão de Abel. E tudo isso, conscientemente.

- É o que eu digo: aprendi muito na Europa. Hoje, jogador com posição fixa é jogador morto, tem que ser quitandeiro. Futebol para profissional desse tipo, não dá pé. Quem tem posição definida é anulado tranqüilamente. Eu sou esperto.

Agora, sim, é esperto. Antes ele também se dizia esperto – e com suas espertezas só conseguia irritar os companheiros.

Valente, ele sempre foi. Tem autoridade para dizer que prefere jogar contra zagueiros violentos, que os clássicos – “existem poucos no Brasil” – são mais difíceis de serem vencidos. No drible, que não é o seu forte, ou na corrida.

- Eu domino a bola e, quando dá, parto para cima das feras. Eles vêm bufando e sei que vão soltar os bichos em cima de mim. Então me preparo. Quando chego junto, dou um toquezinho para a frente e pulo. Saio do pau. Se deixar a perna, Deus me livre. E só Deus me livra de uma fratura. É por isso que livro a perna. Toco e vou embora. Eles ficam discutindo política lá atrás, eu já estou na cara do goleiro. E não é máscara: Dezinho partindo sozinho para o gol, a galera pode levantar e comemorar. A criança mansinha no berço.

- O Dé botou na frente, um abraço. Ninguém consegue chegar perto dele. E dentro da área ninguém pode entrar duro. Ele cai gritando tanto que o juiz se apavora e marca pênalti.

O lateral Júnior, do Flamengo, confirma as palavras de Dé, o que também faz Orlando do América.

- Ele se deu bem duas vezes contra a gente, nos segundo e terceiro turnos. Ao todo, fez quatro gols, se não me engano. Ele está em grande forma, pela esquerda, pela direita ou pelo meio. Até lançamento faz. Fez para o Jair Pereira, quando Marco Antônio cometeu pênalti. Depois foi lá ele mesmo, passou por Toninho e Abel, esperou a saída de Félix e marcou o gol da vitória sobre o Fluminense. Lembro de um drible que ele me deu, que não costumo levar. Rolou a bola com o pé direito, eu fui. Aí, ela já estava no seu pé esquerdo, dentro da área. Eu, batido, fiquei olhando. Nem pênalti dava para fazer. Acho que todo time deve escalar um cara só para perturbar o Dé. O cara não joga, mas o Dé não vai preocupar ninguém." (Grandes Perfis de Placar - Vasco)


 
Figurinhas dos anos 70

 
 No livro “Vasco, A Cruz do Bacalhau”, o Aldir Blanc dedica uma página ao Dé (Dois toques com Dé, o Aranha) e relata mais um dos casos engraçados do Aranha:


O técnico Otto Glória fazia uma preleção usando prancheta para definir táticas e estratégias . O sempre irreverente Dé, apelidado de “o Aranha”, entornou um copo-d’água em cima dos esquemas. Espantado, Otto Glória chamou a atenção do jogador: “Que isso, Dé? Tá maluco?” E o Dé: “Não, mas, se chover, o que a gente faz?” ("A cruz do Bacalhau")

Esse é o Dé!





VASCO, CAMPEÃO DA TAÇA GUANABARA DE 1976

Em 15 jogos na Taça GB/76, foram 11 vitórias e 3 empates.
Dé e Roberto foram os artilheiros vascaínos com 10 gols cada.

Recebendo as faixas!
Abel, Gaúcho, Renê, Luís Augusto, Marco Antônio e Mazzaropi;
Fumanchu, Zé Mário, Dé, Jair Pereira e Galdino.


 

                                                                              REGISTROS


- Dé nunca foi convocado para a Seleção principal, mas chegou a ser convocado para a Seleção Olímpica em 1968 para um jogo (Brasil 3x1 Ferroviário-PR) e fez um gol. (livro: Seleção Brasileira 1914 – 2006)

- Alguns sites e blogs, equivocadamente, colocam entre as conquistas do Dé no Vasco o Campeonato Carioca de 1970 e o Campeonato Brasileiro de 1974. Na verdade, Dé chegou ao Vasco em 70 após a conquista do Carioca. E, em 1974, o Aranha foi para Portugal, defender o Sporting (e ser campeão).

-  Após passar por muitos clubes, Dé encerrou a carreira em 1985 sendo campeão capixaba pelo Rio Branco (ES). Passou a exercer a função de treinador e já comandou muitos clubes.




Poster da Revista Placar no anos 70

Era um craque também na "malandragem":

“Eu aprontava com inteligência, por isso fui poucas vezes expulso de campo”
(Placar n.1065 nov/1991 – “OS DEUSES DA RAÇA”)








Fontes:
- Revista Placar, “Grandes Perfis de Placar - Vasco”, edição n.1240, setembro de 2002
- Revista Placar “OS DEUSES DA RAÇA”, edição n.1065, novembro de 1991
- Livro “Na Boca do Gol”, Valdir Appel
- blog “MAIS MEMÓRIA” (blog.maismemoria.net)
- Livro “ Vasco, A Cruz do Bacalhau”, Aldir Blanc e José Reinaldo Marques
- Livro “Seleção Brasileira 1914 – 2006”, Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf

domingo, 6 de março de 2011

BRITO

Hércules Brito Ruas
Nascimento: 9/8/1939, Rio de Janeiro-RJ
Período: 1957 a 1969
Posição: Zagueiro
Títulos: Taça Guanabara (1965), Rio-São Paulo (1966)



           O XERIFE DOS ANOS 60










 "Brito iniciou sua carreia no Vasco da Gama. Como o Vasco tinha uma zaga de Seleção Brasileira – Bellini e Orlando Peçanha – o jovem zagueiro foi emprestado ao Internacional de Porto Alegre em 1958, através da influência do jornalista Luiz Mendes que o recomendou ao clube gaúcho. Lá, Brito ganhou experiência, para retornar ao Vasco da Gama como titular." (blog.maismemoria.net)

Brito era um zagueiro que não brincava em serviço, sempre jogava sério, com muita garra! O site NETVASCO homenageou o ex-capitão vascaíno com a matéria publicada em 09/08/2004, quando ele completou 65 anos:

"Imagine que você é um zagueiro de 19 anos do time juvenil do Vasco e sonha em estrear na equipe principal. Devido a convocações para a Seleção e contusões dos profissionais, você é lembrado pelo treinador para completar o elenco numa excursão de meio de ano ao exterior. A certa altura, o titular da sua posição se machuca e você precisa substituí-lo. Quando se dá conta, você está em pleno gramado do Parc de Princes, na decisão do Torneio de Paris. São 10 minutos do segundo tempo e o Vasco está empatando por 2 a 2 com o bicampeão europeu Real Madrid. Sua missão é marcar o argentino Di Stéfano, considerado o melhor jogador do mundo. O que você faz?

O jovem Brito na capa da Revista do Esporte n.167
"QUEM É E COMO É BRITO - substituto de Bellini"
Foi assim que Hércules Brito Ruas começou sua trajetória na equipe profissional do Vasco. Brito relembra esse dia (14 de junho de 1957) com carinho:

"Foi um momento único e marcante. Jogar por um grande time como o Vasco, e ainda mais na Europa, foi uma sensação inesquecível. E contra um senhor time, que era o Real Madrid. Era uma tremenda responsabilidade. Jogar com aquelas feras todas foi demais!"

O final da história é conhecido. O Vasco derrotou o Real Madrid por 4 a 3 e conquistou o título. E os vascaínos viram surgir um jogador que honrou a camisa cruzmaltina por mais 12 temporadas, até 1969 (à exceção de um curto período em que defendeu o Internacional-RS, em 1958).

Brito foi o capitão do Vasco durante a maior parte da década de 60, um período de poucos títulos cruzmaltinos. Ainda assim, levantou dois canecos: o da primeira Taça Guanabara, em 1965, e o do Rio-São Paulo de 1966 (dividido com Botafogo, Corinthians e Santos). Convocado para a Seleção Brasileira, participou da Copa de 1966 na Inglaterra.

Vasco Campeão da Primeira Taça Guanabara (1965)
(foto: site do Mauro Prais)

Em 1969, Brito trocou São Januário pela Gávea. No ano seguinte, alcançou sua maior glória: titular absoluto da Seleção Brasileira tricampeã mundial no México, sendo considerado ainda o jogador de melhor preparo físico da competição. Foram, ao todo, 61 jogos com a "Amarelinha", entre 1964 e 1972. Além do Tri no México, Brito também conquistou o Torneio da Independência, em 1972.

C. A. Torres, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo e Everaldo
Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé e Paulo César.
Copa de 1970 - Brasil 1x0 Inglaterra

Do Flamengo, transferiu-se para o Cruzeiro em 1970 e, no ano seguinte, para o Botafogo. Em 1974, Brito foi para o Corinthians e, de lá, para o Atlético Paranaense, em 1975. Jogou ainda pelo River, do Piauí, em 1979, quando encerrou sua carreira." (site NETVASCO)


Brito - capitão vascaíno nos anos 60

Brito é um legítimo elemento da disnatia de grandes zagueiros do Vasco, revelado nas divisões de base e subindo à equipe titular após a saída de Bellini. Nos anos 60, quando o Vasco não teve grandes equipes, Brito era a principal estrela cruzmaltina e capitão do time. Excelente marcador e dotado de um vigor físico impressionante, foi convocado pela primeira vez como titular da Seleção em 1964, na Taça das Nações. Depois disso, raramente deixou de ser convocado até 1972. Foi titular absoluto da Seleção Tricampeã do Mundo em 1970, alguns meses após deixar o Vasco, tendo sido considerado como o jogador de melhores condições atléticas daquela Copa." (site do Mauro Prais)






REGISTROS:


- Em 1970, Brito recebeu a Bola de Prata da Placar;

- Em outubro de 1971, Brito, jogando pelo Botafogo, perdeu a cabeça e agrediu o árbitro José Aldo Pereira com um soco no estômago e chegou a pegar um ano de suspensão (mais tarde foi beneficiado pelos serviços prestados à Seleção Brasileira e teve sua pena reduzida).

 

Figurinha do Álbum da Copa de 70

BRITO NA SELEÇÃO BRASILEIRA

Na Seleção Principal: 61 jogos, 45 vitórias, 11 empates, 5 derrotas
Gols: 1

Copa do Mundo: 1966, 1970
Jogos em Copa do Mundo: 7 jogos, 6 vitórias, 1 derrota

Títulos: Copa do Mundo (1970), Copa Rocca (1971), Taça Independência (1972)
(fonte: livro "Seleção Brasileira 1914 - 2006")









GALERIA DE IMAGENS DO CAPITÃO BRITO


Capitão Brito ergue a Taça Guanabara de 1965


Vasco Campeão da Primeira Taça Guanabara (1965)


Final: Vasco 2x0 Botafogo
gols: Oldair, Paulistinha (contra)

Vasco jogou com: Gainete, Joel, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Lorico; Luisinho, Célio, Mário e Zezinho. (técnico Zezé Moreira)










VASCO 1966

Foto do acervo do Valdir Appel, ex-goleiro,
escritor e autor do blog "Na Boca do Gol"

  
Revista do Esporte n.391





BRITO e FONTANA

Nos anos 60, Fontana foi companheiro constante de Brito, formando a famosa dupla de zagueiros de área do Vasco. Os dois ilustraram muitas capas de revista.













NA CAPA DA PLACAR
Os zagueiros Abel e Brito e os atacantes Ramon e Ademir.
Um encontro de Gigantes!
(Foto que ilustra a capa da Revista Placar n.448, nov/1978)


COMEMORANDO O CENTENÁRIO
Alcir, Vavá, Dinamite, Brito e Barbosa comemoram o centenário do Vasco (1988)


Fontes:
- NETVASCO (www.netvasco.com.br)
- Site do Mauro Prais (www.netvasco.com.br/mauroprais)
- Livro "Seleção Brasileira 1914 - 2006", Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf
- Museu dos Esportes (http://www.museudosesportes.com.br/)
- Blog Na Boca do Gol (http://valdirappel.blogspot.com/)
- Blog História do Futebol (http://blog.cacellain.com.br/)
- Blog Mais Memória, do Izaias Nascimento (http://blog.maismemoria.net/)